Insegurança
Muitas vezes temos dificuldade em
dizer não, supondo que isso poderá resultar num severo prejuízo, como por
exemplo, a perda da amizade, do emprego, da admiração ou da simpatia. Quando é
nossa insegurança a responsável pelas dificuldades em dizer não, devemos
lembrar que se não confiamos em nós mesmos, nossa própria postura diante
dos demais poderá demonstrar esse acanhamento de
caráter.
E como deixamos transparecer aos
outros nossos sentimentos tão íntimos? Isso se chama comunicação interpessoal.
Uma pequena porcentagem de nossa comunicação com o próximo se deve ao discurso
ou à palavra. A maior parte dessa comunicação se deve à maneira com a qual as
palavras são ditas, se deve ao tom, timbre, frequência e entonação da voz e,
finalmente, à nossa mímica corporal. De um modo geral, acredita-se que apenas
7% de nossa comunicação se deve à compreensão das palavras, 13% dependem da voz
(entonação, etc) e 80% da linguagem corporal. Seja pelas palavras, pelo tom de
voz ou pela linguagem corporal, nossa falta de autoconfiança sempre será
anunciada.
Outra questão importante é o fato das
pessoas se sentirem muito ansiosas ao desconfiarem que os outros estão
percebendo sua falta de segurança. Para esses casos, a sinceridade talvez seja
a solução. Diferentemente do que foi dito acima, nestes casos alivia muito
sermos francos o suficiente para confessar ao outro estarmos sentindo grande
ansiedade neste momento. Isso demonstra, ao lado da confissão de nossa
ansiedade, uma coragem compensatória ao termo liberdade em anunciar estarmos
sim “nervosos”. Esse aspecto de nossa personalidade pode nos fazer parecer
altamente confiáveis aos demais.
Normalmente, o esforço para
dissimular um “nervosismo” acaba por gerar grande tensão
emocional, muitas vezes com repercussões físicas,
tais como dores de cabeça, de estômago, na nuca, tontura, falta de ar, etc., e
até sensação de desmaio nos casos mais sérios.
A insegurança também deve ser
abordada por duas medidas principais. Tal como a autoestima baixa, a
insegurança deve ser abordada de forma comportamental e medicamentosamente.
Comportamentalmente devemos pensar no desempenho de nosso papel social. Parecer
que estamos com fome pode resultar mais em comida que estarmos com fome sem
parecer, parecer que somos honestos rende mais crédito que sermos honestos sem
parecer.
Os papéis sociais têm muito a ver com
nossa linguagem corporal. A maneira como sentamos, como ficamos de pé, como
olhamos as pessoas nos olhos, como somos generosos com sorrisos e atitudes
amigáveis, enfim, como cuidamos de nossa empatia pessoal é fator decisivo para
transmitir uma imagem segura de si e, consequentemente, nos sentirmos realmente
seguros.
Ainda na questão comportamental,
nosso discurso não deve conter frases tais como, “...não posso..., nunca vou
conseguir..., não adianta...” Negatividade atrai negatividade, assim como
positividade atrai positividade. Frases mais positivas, tais como “...tenho
certeza de ... farei o possível...sou muito bom em...” ajudam a melhorar a segurança
transmitida e, consequentemente, a sensação de segurança pessoal.
De um modo geral as coisas boas não
costumam cair do céu em nossa cabeça, precisamos conquistá-las com algum
esforço pessoal. A questão do pessimismo e do otimismo é mais ou menos assim.
Temos que dedicar um certo esforço para pensar otimistamente. A pessoa otimista
sente-se muito mais relaxada mental e fisicamente.
Com otimismo confiamos mais em nossa
própria capacidade. Mesmo que as coisas nem sempre deem certo só porque somos
otimistas, pelo menos estará preservada nossa autoestima.
Já vimos como sentir-se (e consequentemente
agir) de modo negativo leva os outros a considerá-lo carente de autoestima.
Bem, felizmente o oposto é verdadeiro. Se você passa a impressão de uma pessoa
confiante e otimista, os outros vão tratá-lo como tal. Em vez de um círculo
vicioso, você criará um círculo benéfico.
Além de trabalhar os pensamentos e
sentimentos, cuide para que sua aparência transpire autoconfiança; e você
começará a confiar em si próprio cada vez mais. A primeira medida a adotar é
uma linguagem corporal assertiva. A seguir preste atenção na altura e na entonação
da voz.
Sentimentos de
Culpa
A culpa é um dos sentimentos mais
incômodos e do qual a maioria de nós sofre em maior ou menor grau, seja por
algo que fizemos, seja por algo que deixamos de fazer. A sensação de culpa é,
inclusive, a maior responsável pelo receio que temos de dizer não. Em geral os
sentimentos de culpa só aparecem nessa sequência aqui colocada, ou seja, primeiro
a pessoa tem que ter autoestima baixa, depois tem que se sentir inseguro e,
finalmente, experimenta sentimentos de culpa.
Claro que todos nós cometemos erros
no passado, seja por coisas que fizemos e não deveríamos, coisas que fizemos
mal feito ou coisas que deveríamos e não fizemos. De certa forma, todos nos
sentimos culpados de alguma maneira (exceto os sociopatas). Entretanto,
conforme recomenda a sabedoria popular, “quando nos sentir pessimistas em
relação a situação atual, devemos nos sentir otimistas quanto as condições de
agir”. Todas essas atitudes comportamentais
para alívio do sentimento de culpa, também válido para a autoestima e
insegurança, só são eficientes quando não existe um transtorno afetivo ou do
humor concomitante (tipo depressão, estresse, esgotamento ou afins).
Outra orientação que pode ajudar é
procurar fazer sempre a distinção entre o ideal e o possível. O ideal seria se
tivéssemos feito assim, mas infelizmente foi-nos possível fazer assado. O ideal
seria que as coisas caminhassem assim, mas elas têm se encaminhado dentro do
possível.
Dicas da melhor maneira de dizer não
Já que chegamos nesse ponto, onde
concluímos ser melhor dizer não às vezes do que viver angustiado por ceder em
tudo e para todos, mesmo contra nossa vontade, vamos ver quais seriam as regras
para um não bem dito e preservador de nosso bem estar.
1. Nunca comece a frase com a palavra NÃO. Embora
seja esse o resultado final de sua fala, deixe o outro descobrir por si mesmo,
durante seu discurso, que o resultado será NÃO, mesmo antes de você concluir
sua argumentação.
2. Use uma argumentação simples, objetiva mas que,
dentro do possível, faça o outro ter a mesma opinião caso estivesse em seu
lugar.
3. Jamais demonstre desconforto exagerado ao dizer
não; um certo constrangimento é sempre desejável mas, exagerar no
constrangimento não melhora a sensação de quem recebe o não e pode transmitir a
idéia de culpa.
4. Sempre que possível deixe a idéia de que concordaria com o pedido se
fosse possível, mas diante desse ou daquele impedimento, INFELIZMENTE, você não
ESTARÁ DISPONÍVEL.
Neste quesito pode ser aventada a possibilidade do
adiamento, do tipo “...talvez em outra ocasião...”
5. Mesmo depois da negativa,
continue tratando o outro com a mesma (ou mais) gentileza com que vinha
fazendo. Esse quesito é importante na medida em que algumas pessoas irritam-se
profundamente com a ousadia dos pedidos dos outros. Não se irrite.
Orientação Cognitiva para começar a
dizer não
Sempre é bom começar sabendo dos
maiores patrimônios de sua pessoa; o primeiro deles é a saúde, o segundo é a
felicidade e o terceiro a liberdade. Geralmente nós só damos valor a qualquer
um dos três quando os perdemos. De fato, é quase impossível pensar na
existência de um deles sem os outros, entendendo a saúde como bem estar físico
e mental.
Muito bem. Não sabendo dizer não,
estamos sujeitos às frustrações de sermos obrigados a fazer o que não queremos,
sujeitos ao esgotamento por sobrecarga, sujeitos à mágoa de nos sabermos
explorados, enfim, aborrecidos por não estarmos exercendo nossa liberdade plenamente.
Assim pensando, torna-se obvio a necessidade de privilegiarmos nossa saúde, bem
estar, felicidade e liberdade, sabendo ainda que de nossa saúde pode depender a
saúde de nossos entes queridos.
De modo geral, a despeito de termos liberdade de
exercer a caridade como melhor nos aprouver, de sermos fraternos de acordo com
nossa consciência, não podemos permitir que o anseio de outros, às vezes
inesgotável, venha a comprometer substancialmente nosso valioso patrimônio que
é a saúde. Portanto, saber dizer não é uma das medidas mais preventivas para
preservação de nossa saúde e um legítimo direito de exercer nossa liberdade.
Assim procedendo, estamos honestamente contribuindo para nossa felicidade.
E aí ? vamos por em prática ? sentir -se mais leves e viver com qualidade?
TEXTO ADAPTADO – ANNA BEATRIZ
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